Confesso que já fazia um bom tempo que um filme de herói não me deixava com um sorriso tão genuíno no rosto. Aquela sensação boa de diversão honesta, que vem sem cinismo, sem culpa e sem a pretensão de mudar o mundo. E não digo isso com condescendência ou “baixa expectativa”. Muito pelo contrário.
O novo Superman, dirigido por James Gunn, é um dos raros exemplares recentes do gênero que entendem que o coração da coisa toda está justamente na leveza. É um filme de um apelo muito singelo para a fantasia, para o lúdico e investido no puro prazer da própria aventura.
Nesse sentido, é um filme muito descomplicado e despretensioso. Num cenário de superproduções que insistem em se levar a sério demais, ou então se desconstruir até virar paródia de si mesmas, o Superman de Gunn encontra um tom próprio, vibrante, direto, colorido.
É um filme de uma estética muito solar - pra fazer um trocadilho claro com o próprio protagonista - e de personagens carismáticos o suficiente para nos entreter e cativar ao longo das 2h10 minutos de duração.
Tudo isso sem abrir mão de uma leitura coerente do nosso tempo. Enquanto um bando de nerd bobo e de reaças quadrados ficam irritados com a “politização do super-herói” (um debate online que já nasceu antiquado e sem sentido), a nova história do kryptoniano consegue se contextualizar em nosso mundo atual, pincelando temas que envolvem as tensões militares da geopolítica, a guerra de narrativas nas mídias e nas redes sociais e até mesmo um tema relacionado a imigração.
É, naturalmente, tudo muito sublinhado e sutil, mas funcionando como pano de fundo das relações e escolhas dramáticas de forma muito suficiente. De todas as representações, o que mais gosto é a de Lex Luthor - vivido por Nicolas Holt - como um CEO de big tech mergulhado numa egotrip megalomaniaca que é tão real quanto os chiliques dramáticos de Elon Musk e Mark Zuckerberg nos últimos anos.
Essas representações do imaginário político-social do agora estão bem costuradas ao tecido do filme, com inteligência e sem afetar o ritmo da trama. E é aí que o filme se mostra especialmente eficaz: ele é divertido porque não tenta ser mais do que precisa ser e se contenta em entregar uma experiência envolvente, empolgante e cativante na sala de cinema.
O novo Super-Homem cumpre sua missão com muita alma, carisma, descomplicação e personalidade. Um elogio que, vindo de um espectador tão desinteressado no personagem e na sua falta de sal, vale quase como uma nota 10.
Até a próxima!
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Adorei o filme também! Pode parecer superficial,mas é inteligente e bastante pertinente hoje coma sutileza no qual aborda questões contemporâneas. Adorei o seu texto, retrata o bem que faz ver o filme e o resgate da temática dos super heróis como deve ser.
Adoro seus textos e seus comentários!