O Brasil é a estrela de Cannes 2025
Homenageado no festival, Brasil se destaca com “O Agente Secreto”
Numa era em que o audiovisual se pulveriza por plataformas, algoritmos e superproduções genéricas, ver o cinema brasileiro ocupar um lugar de honra no prestigiado Festival de Cannes é emocionante e simbólico.
Este ano, o Brasil é o país homenageado no Marché du Film, a principal vitrine de negócios do festival. Em outras palavras: estamos no centro do palco.
E como se não bastasse a homenagem institucional, temos também representação artística de peso: Kleber Mendonça Filho retorna à Competição Principal com “O Agente Secreto”, um thriller político ambientado na ditadura de 1977, protagonizado por Wagner Moura e que recebeu uma recepção extremamente positiva na sua exibição no festival - e quem sabe a possibilidade de uma Palma de Ouro não parece mais tão distante.
Este momento não é à toa. É o acúmulo de décadas de luta, talento e persistência de realizadores e de uma indústria que sobreviveu a diversos imbróglios políticos, a dificuldades de investimento e realização e, até mesmo, de descaso de público com as nossas histórias.
Uma breve história do Brasil em Cannes
A presença do Brasil em Cannes não é novidade e nem decorativa. Somos o único país da América Latina a ter conquistado uma Palma de Ouro, com O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte. E mesmo sem figurar sempre entre os premiados, a nossa trajetória no festival é marcada por obras poderosas, inventivas e politizadas, que desafiam estéticas e estruturas.
Foram diversos filmes brasileiros selecionados para a competição principal ao longo da história, com nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Walter Salles, Cacá Diegues, Karim Aïnouz, Hector Babenco, Kleber Mendonça Filho, Juliana Rojas e tantos outros e outras que ajudaram a moldar a imagem do Brasil nas telas do mundo.
De Deus e o Diabo na Terra do Sol ao recente Motel Destino; de Bacurau a Diários de Motocicleta; de Aquarius a Vidas Secas, Cannes tem sido uma espécie de espelho invertido onde o Brasil se enxerga de fora, com estranheza, com potência, com dor, com orgulho.
Um país que começa a se ver e ser visto com mais clareza
O protagonismo brasileiro em Cannes 2025 tem um sabor especial porque não se resume ao prestígio crítico ou institucional. Há algo mais profundo acontecendo: uma nova percepção do Brasil, tanto dentro quanto fora das telas.
Filmes como O Agente Secreto, mas também como Marte Um, Sertânia, Manas, e tantos outros, têm construído um cinema mais plural, atento às questões raciais, sociais, regionais e de gênero. E com isso, talvez estejamos finalmente superando o velho dilema entre “filmes que ganham prêmios lá fora” e “filmes que o público assiste por aqui”.
Afinal, a valorização internacional do nosso cinema deveria ser só o começo de uma valorização nacional nas salas, nas políticas públicas e na nossa percepção de público.
Indicações pra ver com orgulho
Enquanto o Brasil brilha em Cannes, aqui uma lista especial no Letterboxd com filmes brasileiros que já passaram por Cannes (do clássico ao contemporâneo).
Até a próxima!
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