CINESTESIA #25 | Para suprir o vazio
Tapando o buraco deixado por The White Lotus e Ruptura, algumas sugestões do que assistir em abril.
A terceira temporada de The White Lotus chegou ao fim no último domingo — e com ela, aquele ritual que a gente aprendeu a amar: o deleite, a intriga e o caos social disfarçado de drama tropical.
Não bastasse a despedida da queridinha da HBO/MAX, Ruptura (Severance) também se despediu há duas semanas com uma reviravolta das boas, nos deixando órfãos de duas séries que não só sabem brincar com o absurdo do cotidiano (e vice-versa), como também dominaram as discussões sobre séries e a atenção da audiência nos últimos meses.
Para te ajudar a suprir esse vazio domingueiro — e também já dar uma animada no que vem por aí — preparei uma seleção com boas séries para mergulhar nesse mês de abril. Além disso, trago um panorama das principais notícias do cinema na semana, porque o universo cinematográfico nunca para de girar.
Mas antes de tudo… bora falar de White Lotus?
Um é pouco, dois é bom e três é…?
The White Lotus chegou à sua terceira temporada com uma missão difícil: manter o frescor de uma proposta que, a cada novo ano, repete seu esqueleto narrativo. E a verdade é que o formato começa, sim, a dar sinais de cansaço — o que é natural.
Ainda assim, Mike White, criador, roteirista e diretor da série, consegue entregar uma temporada sólida, envolvente e que atualiza bem o jogo, agora com um tempero espiritual e esotérico, costurado à nova ambientação na Tailândia.
A escolha do país asiático não é só um novo cenário exótico para a antologia, mas também uma forma inteligente de explorar os dilemas existenciais e espirituais que atravessam os personagens. Se nas temporadas anteriores a crítica girava majoritariamente em torno de privilégios econômicos e conflitos sexuais, agora entra em cena uma inquietação mais subjetiva — uma busca por sentido, por transcendência e, claro, por redenção.
Como em todas as temporadas, alguns personagens se destacam mais e rapidamente se tornam queridinhos (ou alvos de ranço) do público. É parte do charme da série: acompanhar como figuras inicialmente superficiais ou caricatas vão ganhando densidade com o passar dos episódios.
Mas o que talvez mais chame atenção nesta temporada seja a forma como The White Lotus expõe um desconforto crescente do público com narrativas que não entregam tudo de imediato.
A série — assim como Ruptura, que também encerrou sua temporada recentemente — adota um ritmo mais compassado, quase cerimonial, no desenvolvimento de relações, tensões e camadas dramáticas. Ela quer que você respire, observe, suspeite, questione. E ainda assim, parece que parte da audiência já interpreta esse tempo de maturação como “enrolação”.
É curioso perceber como, num momento em que tanto se fala sobre desaceleração, saúde mental e presença, ficções que se permitem dilatar o tempo de suas tramas são vistas com certo incômodo.
Talvez porque The White Lotus exija algo que estamos cada vez menos dispostos a oferecer: atenção e paciência.
Se é o melhor ano da série? Provavelmente não. Mas é, sem dúvida, uma temporada que justifica sua existência — e que ainda sabe dizer muito sobre quem somos (ou achamos que somos) quando viajamos para longe tentando fugir de nós mesmos.
Para não deixar o sofá esfriar
3 séries para assistir em Abril e não te deixar sentir saudade das belas produções do início de ano!
The Studio – Apple TV+
Se você curte bastidores e sarcasmo, essa é para você. Criada por Seth Rogen, a série mergulha no universo de um estúdio de cinema tentando sobreviver à era do streaming, com críticas mordazes e muito bom humor. Satírico, atual e cheio de metalinguagem.
Hacks (4ª temporada) – MAX
A 4ª temporada de uma das minhas séries favoritas da atualidade volta para a MAX em abril. Focada na relação tóxica, divertida e inusitada entre a comediante veterana Deborah Vance e a jovem roteirista Ava, Hacks nos conquista pela excelente dinâmica das personagens e atrizes, além do humor afiado e da forma como discute o choque geracional na nossa cultura, no humor e na indústria do entretenimento.
The Last of Us (2ª temporada) – MAX
Depois do sucesso da primeira temporada, a série retorna com promessas de ainda mais tensão, drama emocional e construção de mundo. Baseada no segundo jogo da franquia - que para quem jogou sabe que é repleto de fortes emoções e tristezas - o 2º ano traz questionamentos e expectativas altíssimas.
Giro rápido: as principais do cinema
A Netflix anunciou um investimento robusto na Cinemateca Brasileira, com ações voltadas para digitalização, preservação e difusão do acervo audiovisual nacional. Uma jogada interessante e curiosa da gigante do streaming que toma uma iniciativa importante (e necessária!) para a memória do nosso cinema, em meio a um contexto de debate e insegurança em relação a taxação aos serviços de streaming. Seria essa uma jogada política?
Aconteceu em Las Vegas a CinemaCon 2025, o evento que reúne os principais estúdios de Hollywood para apresentar trailers, bastidores e anúncios estratégicos para os próximos meses. Dentre os destaques, novidades do último filme de Missão Impossível, Duna: Parte III, Superman, Quarteto Fantástico, os novos filmes de Luca Guadagnino e Edgar Wright, e teasers de grandes blockbusters.
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